Introdução: Tenho percebido que pessoas sérias e com bom nível de escolaridade têm uma opinião preconcebida de publicações nacionais que tratam de política. Neste sentido pessoas que se dizem mais orientadas à esquerda, ou simpatizantes do partido do governo (PT), se dizem leitoras da revista Carta Maior, ao passo que simpatizantes do partido (PSDB) que ocupou o governo anteriormente, pretensamente orientadas ao centro-direita, são leitores da Revista Veja. As mesmas pessoas que se dizem leitores da uma das revistas informa ter ojeriza ou se recusar a ler a revista que seria “oposição” ao seu pensamento ideológico.
Acredita-se e de fato se verifica que cada uma das publicações obedece uma linha editorial ideológica voltada aos respectivos públicos. Nada obstante também é verdadeiro que tanto uma quanto outra obra têm um potencial de revelar situações que podem se demonstrar verdadeiras em relação aos partidos políticos que lhes seriam opostos. As denúncias que conduziram à condenação pelo STF de políticos do PT e partidos aliados são exemplo disso, o que também poderá ser ao se chegar ao final das ações denominadas “Mensalão do PSDB ou Tucano”, etc.
No entanto parece haver uma cegueira ou surdez para as revelações que podem ocorrer em relação aos partidos a que são simpáticos.
Hipótese: Percebe-se que crianças pequenas gostam de rever um mesmo filme, desenho, etc. indefinidas vezes, em certas circunstâncias até repetidamente. A questão que se desenha, portanto, seria se o interesse dos leitores por uma determinada obra que reforce a sua ideologia não seria decorrente desta tendência primitiva que se tem de repetir a mesma história, como que a se encontrar sempre uma justificação para as suas ideias mas, de outra parte, impedindo – criando uma surdez ou cegueira – para argumentos opostos.
Material para pesquisa: O material para pesquisa poderia ser inicialmente obras de psicologia infantil que demonstrem a regularidade e normalidade deste comportamento em crianças. Thomas Kuhn em suas diversas obras, em especial a Estrutura das Evoluções Científicas, de alguma forma reflete o que ele denomina de diálogo de surdos entre defensores de duas teses científicas contrapostas. Finalmente seria interessante uma pesquisa ou entrevista de pessoas para descobrir quantas vezes ou de que forma costumam consultar opiniões contrapostas às suas seja através da imprensa ou mesmo em épocas de eleições.
Objetivo: Os resultados de uma pesquisa neste sentido têm o potencial de orientar publicações para as formas de abordar questões políticas, influir em conceitos de neutralidade e imparcialidade na divulgação de notícias, inclusive demonstrando se é efetivamente necessário ou ignorado a instituição de espaços democráticos nas publicações, tais como “ouvir o outro lado”.
Autores possíveis: Esta pesquisa pode ser feita por estudantes de Comunicação Social, Psicologia, Sociologia, Ciências Políticas, etc.