Quem nunca se achou um idiota por não ter a capacidade daquele amigo de identificar na hora as qualidades de um bom vinho, recitando de imediato as suas suaves notas de cravo, carvalho e frutas vermelhas?
Para mim beber vinho sempre foi uma agradável experiência, mas tenho que confessar que ficava um pouco frustrado por não poder apreciá-los tão bem quanto alguns amigos.
Pois ultimamente descobri que este grande conhecimento de vinhos é apenas ilusório. Dois livros que eu li recentemente fazem referência a estudos científicos, em especial com o famoso teste cego, que demonstra que, mesmo famosos conhecedores e enólogos, são capazes de se confundir mesmo com vinhos de qualidades muito distintas e que psicologicamente (ou até mesmo neurologicamente) um vinho de maior preço impressiona muito mais pelo seu preço do que por sua qualidade – a experiência utilizou um aparelho de ressonância magnética para verificar as áreas do cérebro que mais se ativavam durante a degustação e puderam perceber que a ativação dependia mais do preço do vinho do que de sua qualidade intrínseca.
Isso vale também para vodkas e, acredito eu, cervejas.
Um brinde para aqueles que, como eu, não se deixaram enganar pelo preço de uma bebida e que bebem mais pelo prazer da companhia do que pelo rótulo do vinho!
Quem quiser saber um pouco mais pode dar uma lida em O Andar do Bêbado, de Leonard Mlodinow, que, apesar do título, não fala apenas de experiência com bebidas, mas, principalmente, de como o acaso interfere nas nossas vidas.